O que vestir na Índia

sexta-feira, abril 21, 2017




Essa é uma grande dúvida para as mulheres que viajam para Índia: como se vestir no país? Confesso que li milhares de dicas em blogs, busquei fotos de cidades indianas em seu cotidiano para ver o que as pessoas estavam vestindo. 

É triste porque esse esforço de ‘adequação’ é, sobretudo, feminino. Henrique não estava muito preocupado com isso. Os indianos, por exemplo, NUNCA usam bermudas, nem os jovens. Eles estão sempre de calça comprida e de blusa de manga comprida, mesmo naquele *clima gostoso* de sucursal do inferno. Mas, vejam bem, Henrique seguiu lépido e faceiro com sua bermuda e suas camisetas de algodão e ninguém olhou estranho.

Para as mulheres, nós já sabemos, a coisa funciona de forma diferente. E, como eu acho terrível me sentir desconfortável e deslocada durante as minhas viagens, adaptei meu visual para a conservadora Índia. Admito que foi menos ruim do que parecia a princípio, já que eu sempre me vesti de forma meio velha clássica. 

Confesso que levei uma saia longa lindona, mas com duas fendas laterais bem grandes, e simplesmente não consegui usar. A primeira vez que tentei, em Amritsar, quando fomos para o aeroporto pegar o vôo para Varanasi, eu simplesmente queria me esconder. Os homens olhavam de forma acintosa, as mulheres esticavam o rabo de olho – eles não faziam nenhum esforço de disfarçar, sabe? Eu juro que a saia é super comportada, mas eu não consegui segurar a onda. Fui ao banheiro do aeroporto e coloquei minha pantalona companheira de guerra. Talvez eu tenha tentado no pior lugar - Amritsar está fora do roteiro de turismo ocidental na Índia e é uma cidade super religiosa... Mas acabei desistindo de vez da saia, que não saiu mais da mala na viagem.

De maneira geral, as cidades do Rajastão são mais tranquilas com relação às regras de vestimenta, porque recebem muitos turistas ocidentais. As cidades maiores também costumam ser mais tolerantes que as pequenas, por motivos óbvios.

Pelo que observei, existem três regras de ouro para se vestir na Índia:
  1. Cobrir pernas (pelo menos até o joelho)
  2. Cobrir ombros
  3. Evitar mostrar muito as formas do corpo, optando por silhuetas mais folgadas
Mas, Janira, como aguentar o bafo de cão daquele clima com essas roupas? Amigues, não é fácil, mas é possível. O segredo é buscar tecidos naturais e roupas soltinhas. Quanto menos coisa apertada, melhor. 

Pantalonas e saias midi são campeãs do combo conforto-adequação. Aquelas calças de tecido folgadinhas também deixam a gente fresca e confortável. Lá na Índia, elas estão em todas as lojas e são baratinhas - embora seja quase um carimbo de gringo, sabe? Em cima, camisetas de algodão com manga curta. Levei um kimono de viscose bem levinho que usei muito, e me deixava mais à vontade com blusas de alça ou mais justas.

As indianas usam bastante o sári no seu dia a dia, então é normal deixar partes da barriga à mostra. Por isso, dá para usar as saias longas ou pantalonas com blusas cropped, que agora estão em todas as lojas aqui no Brasil, e deixam o ventinho entrar, rs.

É possível comprar roupas lá, por um precinho super camarada. Eu acabei não comprando tanto (e por isso lavei muito minhas roupas durante a viagem), porque as opções não são tão legais (acabamento, caimento, estilo, etc), e eu, particularmente, não gosto de comprar coisas muito “descartáveis”. Então, eu só comprei duas calças folgadinhas estampadas (uma bem no finalzinho da viagem, então não pude aproveitá-la muito por lá) e duas blusinhas simples de viscose (também já mais no fim do trajeto). E ganhei uma saia.

Em McLeod Ganj, é importante verificar a previsão do tempo! Tem épocas MUITO frias, então é bom estar preparado. Na época em que estivemos por lá, em outubro, não estava frio. Esse era meu look: jeans ou legging com camiseta de manga longa. À noite, eu colocava um casaquinho de tricô por cima e um echarpe e ficava ótimo...




No restante da Índia, era sempre MUITO calor. Nesse post aqui, vocês podem ver tudo que levei na minha mala para a Índia (mas acho que as fotos desse post mostram quase 100% do que vesti por lá, rs).

Quando usava calça mais justinha, gostava de colocar uma blusa solta, que cobrisse o bumbum, ou esse kimono. Apesar disso, todo mundo olhava pra gente. Olha os caras lá atrás. rs!

Eu e minha saia midi plissada acreditando piamente que estávamos na França. O japamala, espécie de terço budista que estou usando como colar, comprei no lugar onde Buda fez seu primeiro sermão e, por isso, é considerado o local de nascimento do budismo. É especial, né?

Uma echarpe fininha, como essa da foto, ajuda a cobrir os ombros para entrar em lugares sagrados ou que exigiam a cobertura do ombro/ cabeça para entrar. Dá uma cor e charminho pro visú também, né? Pena que, mesmo assim fininha, a vontade que eu tinha era de arrancar esse treco do meu pescoço. Gente, aquele calor não era de Deus!

Eu e a pantalona onipresente.
A pantalona mais uma vez. Agora no lugar que Buda fez seu primeiro sermão.

A saia que ganhei de presente de Saima e sua filha fofa Fatma.

No Rajastão, já me sentia bem mais à vontade com os ombros de fora.








Apesar do calor no deserto, a blusa de manga é importante para proteger do sol escaldante. Mas tem que ser fininha e de algodão para você não se sentir um churrasquinho de gente!

Botei um cintinho no kimono e fiz ele de blusa. Por baixo, uma daquelas camisetinhas de lingerie. A sandália toda bordada e fofa comprei em Amritsar.

Sendo clássica no Forte de Nova Délhi, com minha saia midi plissada e a sapatilha bailarina preta.

Por causa do calor, só usava a legging ou calça jeans nos dias de deslocamento (por causa do ar condicionado dos carros e aeroportos, rs). Nesse, estava indo de Jaisalmer para Udaipur e paramos para conhecer o Templo Jainista de Ranakpur no meio do caminho.





"E aí, Henrique, o que você acha? Consegui manter minha dignidade estética na Índia?" #missionfail


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