Learning English? You tá de brincation with me, cara? |
Aproveitei minhas férias desse ano para fazer uma coisa que sempre tive vontade: estudar inglês fora. Passei quatro semanas na Califórnia: três delas em São Francisco frequentando aulas de inglês pela manhã e passeando à tarde. Considero meu nível de inglês entre avançado e intermediário-avançado: leio tranquilamente, entendo e falo razoavelmente bem. No curso em São Francisco, por exemplo, fui alocada no penúltimo nível oferecido para não-professores. Mas sabe aquela "trava" que a gente tem quando fala outra língua? Aquela sensação de que você não consegue usar tudo o que sabe quando é colocado à prova numa conversa? Eu me sentia assim. Eu queria soltar a língua, ganhar confiança - e não aprender mais regras ou gramática (embora, claro, eu ainda tenha muito a aprender sobre isso).
Comecei a estudar inglês tarde (cresci numa cidade do interior etc-etc) e, depois de muito tempo em salas de aula, fazendo aqueles exercícios e dinâmicas que os livros de inglês geralmente propõem, eu me sentia despreparada para situações mais complexas de uso da língua, como reuniões de trabalho. Ao mesmo tempo, estava de saco cheio do velho esquema dos cursos de inglês. Ano passado, fiz um esforço grande de frequentar aulas no meu horário de almoço nas segundas e quartas (o único que eu consegui!). O resultado é que eu saía correndo do trabalho, chegava atrasada no inglês, comia correndo, chegava atrasada na volta para o trabalho... Enfim, era muito ruim e terminou de deteriorar minha relação com a língua, que eu semprei gostei de estudar.
Achei que fazer aulas num país de língua inglesa seria ótimo para conseguir essa fluência e confiança que eu desejava. E aí, vocês perguntam: valeu a pena? Faria de novo? A minha resposta é: não. Você recomendaria? A minha resposta é: depende. Vou te contar as questões mais práticas sobre o curso e depois explico minhas respostas e faço minha avaliação final.
A ESCOLA DE INGLÊS
Existem várias escolas de inglês que oferecem cursos para estudantes internacionais. Pesquisei um pouco sobre a Intrax, Study on Campus (que só oferece cursos a partir de 8 semanas), ILSC, St. Giles, Kaplan, apesar de existirem muitas outras opções. Visitei também agências que fazem essa intermediação entre alunos e escolas, como a STB, CI Intercâmbios etc. Usei um critério muito simples para escolher a instituição: a que tivesse a menor possibilidade de encontrar brasileiros, já que eu teria pouco tempo e queria realmente fazer uma imersão no idioma. A Kaplan, por exemplo, apesar de super bem conceituada, era a sempre a primeira a ser oferecida nas agências. Ou seja, grande possibilidade de encontrar muitos brasileiros nas salas de aula! Das escolas que citei, a Intrax e a St Giles pareceram as menos comercializadas aqui no Brasil. Algumas agências nem mesmo conheciam essas escolas. Perfeito! :-)
Encontrei aqui uma avaliação sobre a St. Giles, que foi decisiva para minha escolha entre esta e a Intrax. Acho que acertei. A escola é organizada, tive uma professora ótima e um professor ok e todo o pessoal é bastante prestativo e atencioso com os alunos. Se você ficar insatisfeito com o professor, é possível falar com a coordenação e mudar de turma (alguns alunos fizeram isso enquanto eu estava lá). A escola fica no coração do centro da cidade, numa avenida super movimentada e de fácil acesso. O prédio, as salas de aulas e equipamentos são ótimos. Tem uma sala com computadores que os alunos podem usar, e uma cafeteria com bons preços e o povo mais simpático da cidade! Não encontrei muitos brasileiros por lá, e havia apenas um em minha turma, que depois foi transferido para outra classe.
Fiz tudo por conta própria, sem agências. É possível fazer toda a reserva por email e pagar a taxa de matrícula com cartão de crédito, através de um formulário de autorização de crédito que eles te mandam.
O CURSO
Em geral, as escolas oferecem opções de aulas regulares, semi-intensivas e intensivas. Escolhi a opção regular, que oferece 20 horas por semana, 4 horas por dia. Acho que é suficiente para quem quer misturar estudo com lazer, que foi meu caso. Assistia as aulas pela manhã e passeava à tarde. Segundo a secretaria da escola, os brasileiros preferem as aulas vespertinas.
Fiz três semanas de curso, no total. É pouco tempo, mas era o que eu tinha disponível. Deixei uma semana livre para fazer a viagem pela Highway 1, que logo, logo contarei aqui no blog.
A CIDADE
Como eu também estava viajando de férias, queria ir para um lugar que eu REALMENTE quisesse conhecer. Por isso fui para São Francisco, mas talvez não seja o melhor destino para aprender a língua, já que há um monte de latinos e asiáticos na cidade [às vezes, as pessoas começavam a falar em espanhol comigo]. Mas, no geral, foi possível falar inglês o tempo todo, apesar dos sotaques engraçados que você encontra por lá.
Além disso, São Francisco é maravilhosa. Exatamente o tipo de cidade onde eu gostaria de fingir que sou "moradora", então acho que a escolha foi perfeita.
MINHA AVALIAÇÃO
Apesar de todos esses aspectos positivos, eu não repetiria a experiência. As aulas são bem parecidas com as que temos aqui: os livros, as dinâmicas, os tipos de exercício etc, só que pagando beeem mais. Fazíamos os exercício de listening com CDs!! E eu ficava pensando: temos uma CIDADE TODA que fala inglês, por que ficar ouvindo CDs? Pensava em como seria legal, por exemplo, trazer pessoas da cidade para bate-papos temáticos, tipo "a produção orgânica em SF", "história de SF", etc-etc, que seriam ótimos exercícios de listening com "locais". Um dia, bastante insatisfeita, conversei com o professor sobre isso. E aí ele falou que muitos alunos pretendem fazer testes de proficiência (TOEFL, CAE, etc), por isso é importante fazer esses tipos de exercício. Além disso, há grande presença de asiáticos na escola. Segundo o professor, esse tipo de dinâmica que eu sugeri (a dos bate-papos, por exemplo) dificulta a participação deles, que, em geral, são mais calados e tímidos. A formação em inglês deles também é mais gramatical, mais livresca, então a conversa fluía pouco na sala. Aí eu entendi que a escola era boa (atendia bem aquele tipo de demanda), eu é que escolhi a opção errada para o que eu queria.
Achei tudo meio chato e pouco inspirador. Se eu voltasse no tempo, ao invés de fazer um curso de inglês, teria feito um outro curso qualquer - culinária, fotografia, etc. Mesmo que eu tivesse alguma dificuldade, acho que meu nível de inglês seria suficiente para compreender o geral. Também seria mais fácil estar em contato com locais, ao invés de estrangeiros com o mesmo nível de inglês (ou pior!) que o meu. Acho que é melhor para quem quer soltar a língua, ganhar confiança, mas já é um estudante avançado de inglês.
Mas recomendo a experiência para quem tem um nível intermediário, ou mesmo básico-intermediário. O fato de fazer aulas (mesmo que muito parecidas com as nossas) num país que tem o inglês como língua realmente faz diferença para o estudante, principalmente nesses níveis. Dá para ganhar muito vocabulário e aprender bastante. Para o nível básico, acho que é melhor estudar um pouco mais no Brasil antes de viajar, para poder aproveitar bastante aqueles momentos no supermercado, padaria, loja, conversas na rua, etc. Imagino que, para quem sabe nada ou muito pouco de inglês, é difícil aproveitar essas oportunidades e fica mais tentador também se juntar a outros brasileiros.
Classmates! |